sábado, 21 de março de 2015

AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA (2/5) ~ WES BREDENHOF


PRATICA A PURA PREGAÇÃO DO EVANGELHO 
 MANTÉM A PURA ADMINISTRAÇÃO DOS SACRAMENTOS
EXERCITA A DISCIPLINA 


CONFISSÃO BELGA
[ http://www.arpav.org.br/arpav/index.php?option=com_content&view=article&id=71:confissao-belga-1561-guido-de-bres&catid=42:confissoes-e-catecismos-reformados&Itemid=70 ]


ARTIGO 29 

As marcas da verdadeira e da falsa igreja
Cremos que devemos distinguir, pela Palavra de Deus, com diligência e muito cuidado, qual é a verdadeira igreja, pois todas seitas que há hoje no mundo arrogam para si o nome de igreja.1 Não falamos aqui dos hipócritas que se misturam aos fiéis da igreja, pois embora participem visivelmente da igreja não fazem parte dela.2 Mas falamos do corpo e da comunhão da verdadeira igreja que se deve distinguir daquelas seitas que se dizem igreja. A Igreja verdadeira é reconhecida pelas seguintes marcas: Ela pratica a pura pregação do evangelho;3 mantém a pura administração dos sacramentos segundo Cristo os instituiu;4 exercita a disciplina na igreja para a correção e punição dos pecados.5 Em síntese, governa a si mesma segundo a pura Palavra de Deus,6 rejeita tudo o que lhe for contrário7 e tem Jesus Cristo como único cabeça.8 Assim se reconhece com certeza a verdadeira Igreja, e ninguém tem o direito de se separar dela. Os que pertencem à igreja devem ser reconhecidos pelas marcas dos cristãos: eles crêem em Jesus Cristo como o único Salvador;9 fogem do pecado e buscam por justiça;10 amam o verdadeiro Deus e o seu próximo11 sem se desviar para a direita nem para a esquerda; e crucificam a carne com as obras delas.12 No entanto ainda permanece neles uma grande fraqueza à qual combatem, pelo Espírito, todos os dias das suas vidas.13 Apelam continuamente para o sangue, sofrimento, morte e obediência de Jesus Cristo no qual têm a remissão de seus pecados, por meio da fé nEle.14 A falsa igreja, contudo, atribui mais autoridade a si mesma e às suas ordenanças do que à Palavra de Deus; não quer se submeter ao jugo de Cristo;15 não administra os sacramentos conforme Cristo ordenou em Sua Palavra, mas acrescenta e sub- trai deles o tanto que lhe convém; baseia-se mais nos homens do que em Jesus Cristo; persegue aos que vivem de maneira santa, segundo a Palavra de Deus, e aos que lhe repreendem os seus pecados, cobiça e idolatrias.16
Pela distinção uma da outra, é fácil conhecer essas duas igrejas.
1. Ap 2.9. 2. Rm 9.6. 3. Gl 1.8; 1Tm 3.15. 4. At 19.3-5; 1Co 11.20-29. 5. Mt 18.15-17; 1Co 5.4, 5, 13; 2Ts 3.6, 14; Tt 3.10. 6. Jo 8.47; Jo 17.20; At 17.11; Ef 2.20; Cl 1.23; 1Tm 6.3. 7. 1Ts 5.21; lTm 6.20; Ap 2.6. 8. Jo 10.14; Ef 5.23; CL 1.18. 9. Jo 1.12; 1Jo 4.2. 10. Rm 6.2; Fp 3.12. 11. 1Jo 4.19-21. 12. Gl 5.24. 13. Rm 7.15; GL 5.17. 14. Rm 7.24, 25; 1Jo 1.7-9. 15. At 4.17, 18; 2Tm 4.3, 4; 2Jo .9. 16. Jo 16.2.


AS MARCAS DA VERDADEIRA IGREJA (2/5)
Wes Bredenhof

Parte 2 de uma palestra sobre artigo 29 da Confissão Belga para o Encontro da Fé Reformada (Recife) no dia 1 de novembro 2013.
Então se nós confessamos que a Bíblia ensina que a igreja é necessária a pergunta é: Como é, então, que nós reconhecemos uma verdadeira igreja de Cristo? Como ela se parece? Como é que podemos identificá-la? Talvez para muitos de nós nessa manhã essa pergunta não seja importante. E talvez isso seja porque cada um de nós aqui seja membro de uma igreja local em algum lugar. Mas ainda assim é importante que nós nos aproximemos dessa pergunta com também um pouco de autoexame de nossa parte. É importante que nos aproximemos dessa doutrina não para que nós sejamos orgulhosos e comecemos a dizer: “há que igreja maravilhosa eu tenho, que igreja maravilhosa que eu faço parte!” Mas, nos aproximamos dessa questão para examinar nossas igrejas, e ver como essas marcas se aplicam a ela. Será que a sua igreja local pode genuinamente reclamar para si o título de Igreja de Cristo? E essa sim, é uma pergunta que nós não podemos minimizar. Talvez alguém ainda esteja pensando o seguinte, o pensamento é:  “Já que eu sou membro daquela igreja, então aquela igreja só pode ser uma igreja verdadeira”. Isso é um pensamento falacioso. Esse tipo de argumentação é algo que flui de uma conclusão que não esta inclusa nas premissas: só por que você é membro de uma igreja específica não segue logicamente que aquela igreja da qual você é membro seja uma igreja verdadeira. E você quer, de verdade, estar confiante que você faz parte verdadeiramente de uma igreja que é a igreja de Cristo, portanto, nós precisamos aprender a habilidade de discernimento aqui.
Mas esse questionamento também é importante porque muitas vezes nós nos encontramos numa situação na qual nós precisamos encontrar uma igreja genuína, uma igreja verdadeira.  Talvez a sua necessidade de educação ou o seu trabalho vai levar você para um local onde não há uma igreja que você conhece e você ali precisa encontrar uma verdadeira igreja. E aí você certamente precisará ter a habilidade para responder a essa pergunta: onde eu vou encontrar uma igreja genuína de Cristo?  Uma igreja onde você pode visitar e se for uma situação de longo prazo, você se tornará membro daquela igreja.
Mas, então, qual é a coisa mais importante em uma igreja? A Confissão Belga coloca a pura pregação do evangelho no topo da lista das evidências de uma verdadeira igreja. Quando João Calvino e outros teólogos reformados começaram a escrever acerca das marcas da igreja, eles sempre colocaram também essa primeira marca, a pregação genuína do evangelho.  E não é uma escolha aleatória. Como se essa marca pudesse ser escolhida como a terceira marca da lista e não fizesse diferença; ela foi colocada no primeiro local da lista com um motivo específico: ela é a primeira porque ela é a mais importante!
E esse procedimento revela um procedimento bíblico, em Gálatas, capítulo 1, essa é exatamente a abordagem que o apóstolo Paulo faz. Paulo, ele mesmo que havia pregado o evangelho da graça entre os Gálatas; mais tarde, outros vieram e começaram a pregar coisas distintas do que Paulo havia pregado. E esses falsos pregadores começaram a ganhar seguidores na igreja dos Gálatas. E Paulo começou ali a se maravilhar como é que as pessoas estavam seguindo esses pervertedores do evangelho. Então, escute o versículo 8: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos tenho pregado, seja anátema”. Que Deus amaldiçoe ao inferno qualquer pessoa que pregue um evangelho que vá além daquele que foi pregado pelo apóstolo Paulo. É exatamente isso que anátema significa, são palavras duras! Então, podemos fazer a seguinte pergunta: Como é que uma igreja pode ser verdadeira com relação à Cristo? Se ela tolera uma situação na qual o evangelho de Cristo não é pregado, como é que ela pode ser uma igreja genuína?
Mas, vamos dar um passo atrás e fazer uma outra pergunta: O que Paulo quer dizer com o evangelho? O que a Confissão Belga quer dizer quando ela diz que a verdadeira igreja, ela pratica a pregação pura do evangelho? O que ela quer dizer com isso? Uma vez atrás, teve um pastor que pregou o seguinte sermão, e o sermão estava cheio de uma lista de coisa, do tipo: não faça tal coisa, faça isso, não faça aquilo, você precisa fazer isso e fazer aquilo; mas em nenhum minuto ele falou a respeito de Cristo. Mas então ele disse: Como estou grato de poder mais uma vez pregar o evangelho. Mas ele não pregou o evangelho! O evangelho são boas novas, é o anúncio de algo de algo que alguém fez por nós. Leia Gálatas! Ao longo de todo o livro de Gálatas, Paulo contrasta a doutrina da justificação em Cristo somente contra a doutrina dos judaizantes. Os judaizantes diziam: os crentes precisam observar a lei para que eles sejam salvos por Cristo. Você pode até entrar em Salvação por graça; mas você permanecerá em salvação por obras. Mas o evangelho de Paulo prega que você só pode alcançar a salvação e permanecer na salvação pela obra que Cristo fez por você. O evangelho de Paulo é que Cristo pagou pelos seus pecados com o seu sangue.  O evangelho de Paulo é que Cristo conseguiu, por causa da sua obra na cruz do Calvário, desviar a ira de Deus que você merecia. Através de Cristo você não é mais um inimigo de Deus, mas um amigo de Deus. O evangelho de Paulo é que Deus fez Cristo se tornar pecado por nós para que em Cristo nós pudéssemos nos tornar a justiça de Deus. As boas novas é que em Cristo nós somos apontados, considerados como justos e santos. Nós somos inclusos dentro da família de Deus como seus filhos amados. Adotados por graça somente. Toda a obediência de Cristo pertence aos crentes, toda a morte de Cristo; é em Cristo que recebemos tudo o que foi perdido em Adão e ganhamos muito mais. Você percebe que o evangelho não descreve as coisas que nós fazemos para ganhar outras coisas da nossa maneira. Mas o evangelho é a respeito do que Cristo fez por nós, o que Ele fez para nos salvar das conseqüências que nós fizemos; é totalmente focalizado, centrado Nele, em Cristo.
E, é exatamente essa mensagem que uma verdadeira igreja vai apresentar, colocar diante dos seus membros; e também diante do mundo. É exatamente isso colocado como de primeira importância! Uma igreja sem o evangelho não é igreja, é mais como uma sinagoga, ou como uma mesquita, lugares onde você consegue algo com seus próprios esforços. Isso é que é importante!
E mais uma vez, irmãos, isso é que nos deve levar para um autoexame: “Estamos nós em uma igreja que pratica a pura pregação do evangelho? Se não estamos, precisamos ser confrontados com essa realidade. Se essa não é a realidade, você tem a responsabilidade de falar. Na minha igreja, no meu país, se eu não sou um pregador do evangelho, então as minhas ovelhas têm que me dizer se não estou pregando o evangelho. E eu sempre desafio a proceder exatamente dessa maneira. Eu digo para eles: olha, eu sou somente um homem. E se eu não estiver pregando o evangelho para vocês, por favor me digam! Mas se genuinamente temos ouvido a pregação do evangelho em nossas igrejas, primeiramente temos que nos apresentar em gratidão a Deus.  Gratos, primeiro, pela pregação do evangelho, pela mensagem do evangelho, também podemos nos apresentar em gratidão porque Deus nos deu um pregador fiel para nos apresentar essa mensagem. E nós também podemos continuar encorajando os nossos pregadores a continuarem pregando o evangelho. Mas nós também ainda temos uma outra responsabilidade:  a responsabilidade de crer no evangelho todas as vezes que nós o escutamos. É uma mensagem que precisamos escutar repetidamente, se a igreja está realmente fazendo o seu trabalho. E eu rogo a vocês não minimizem essa mensagem! Quando o evangelho está sendo pregado, não deixe simplesmente o evangelho passar… Não deixe o evangelho passar sem que você abrace-o todas as vezes que ele for pregado. Dizendo, esse Salvador que está sendo pregado é o meu Salvador.
Continua…