domingo, 17 de maio de 2020

O RETORNO AOS CULTOS PODE ESPERAR? ~ JORGE RUIZ ORTIZ


O RETORNO AOS CULTOS PODE ESPERAR?
FONTE:
[Publicado el mayo 7, 2020]
AUTOR:
Rev. Jorge Ruiz Ortiz

O protestante digital publicou nesta semana [05.05.2020] um artigo, intitulado "Voltar ao culto pode esperar"
sobre as dificuldades e a relutância em reabrir o culto público na Espanha na Fase 1 do retorno à normalidade, devido às medidas impostas pelo governo.
Desde o início, devemos dizer a surpresa produzida pela leitura desta manchete. Na verdade, a notícia do artigo não é essa, mas a recusa da Confraria dos Ministros de Culto de Madri (COMIRMA) e de toda uma denominação, a União Batista Evangélica da Espanha (UEBE), de prestar serviços públicos na Fase 1, quando estes forem permitidos pelo governo. A manchete, portanto, não é informativa, mas avaliativa e tende a aceitar a recusa de retornar ao culto público, levando as pessoas a considerá-lo dessa maneira.
Sem avaliar os motivos apresentados por ambos - por exemplo, os apresentados por COMIRMA, em relação à capacidade (com as medidas, apenas 10 a 12% da capacidade pode ser usada), segurança (as condições ideais não podem ser totalmente garantidas), transferências (os membros provavelmente teriam que enfrentar uma penalidade econômica por atingir a igreja) e econômica (ao usar as instalações, o "estado de graça" concedido pelos proprietários seria perdido) - direi apenas o seguinte:
1) Inicialmente, os serviços públicos não são opcionais para a igreja . Em outras palavras, a igreja não os realiza porque parece bom ou não, melhor ou pior. A igreja não tem o poder de parar de prestar serviços - pois, por outro lado, não tem poder sobre o que nos serviços deve ser feito ou não. Os cultos da igreja dependem inteiramente da autoridade do Senhor. Os cultos da igreja são ius divinum por excelência.
2) Na realidade, a igreja não tem o poder de parar de adorar em caso de peste, epidemia ou pandemia. Se a igreja parou de adorar durante esta pandemia de coronavírus, não foi por sua própria decisão. Foi por decisão do governo, e isso não foi opcional para nós. O que por outras razões - por exemplo, ideológico ou não - seria inaceitável para nós, a qualquer preço, desta vez foi aceito porque, por trás dessa imposição do governo, em um momento de grave exceção, havia um bem comum, como é o da saúde pública, e porque os cultos da igreja foram de alguma forma aliviados graças à mídia digital. Mas, mais uma vez, não decidimos parar de adorar por nossa decisão, simplesmente porque isso não está em nossas mãos.
3) Agora que o governo permite - sim, com condições muito severas - a retomada dos serviços públicos, estes também não são opcionais para nós. É a ordenança do Senhor e o governo não nos impede. Por que, então, não devemos? Todas as razões pelas quais podemos usar nossa prudência humana não são razões suficientes para parar de fazê-lo. Muito bem, você pode prestar serviços públicos novamente, mesmo que seja com 10% da capacidade ou dos membros, e o restante os siga on-line em suas casas. A diferença entre isso e continuar a fazê-lo inteiramente nos lares é entre crentes individuais que prestam serviços privados e os da igreja que mais uma vez têm um lugar na vida pública, mesmo que seja muito limitado, para prestar culto público, ao Senhor. Portanto, é sobre a presença do Senhor e Sua adoração na vida pública por meio de Sua igreja. E este é um bem inestimável, pela honra do Senhor e pelo testemunho que como igreja é dado à sociedade.
Em suma, com este pequeno artigo, não quero acabar lançando acusações ou desqualificações contra ninguém. Estes são tempos difíceis para todos e, até certo ponto, humanamente falando, é normal que estejamos um pouco desorientados. Eu simplesmente gostaria que todos nós reconsiderássemos e colocássemos o Senhor e Sua glória acima de tudo, acima de todas as outras coisas e considerações.
TRADUÇÃO: GOOGLE TRADUTOR

Comitê Superior de Fraternidade Humana [HCHF - Higher Committee of Human Fraternity]


O papa se junta a judeus e muçulmanos em um dia de oração unido ao "Criador de tudo"
FONTE:
[ROMA · 14 DE MAIO DE 2020 · 16:00]

O líder católico apoia a iniciativa inter-religiosa organizada por uma plataforma dos Emirados com um projeto ambicioso.
Católicos romanos de todo o mundo aderiram a um “dia de oração, jejum e caridade” organizado por uma nova plataforma inter-religiosa liderada por cinco líderes muçulmanos árabes, um rabino judeu e dois representantes de alto escalão do Vaticano.
O Comitê Superior de Fraternidade Humana (HCHF) havia chamado para se dedicar nesta quinta-feira, 14 de maio, a buscar unidade na oração contra a pandemia de Covid-19. "Não devemos esquecer de buscar refúgio em Deus, o Criador de tudo, enquanto enfrentamos uma crise tão severa", apontaram eles da plataforma ao anunciar a iniciativa. "Cada um, de onde quer que esteja e de acordo com os ensinamentos de sua religião, fé ou confissão, deve implorar a Deus que remova essa pandemia de nós e de todo o mundo, para salvar todos nós dessa adversidade", acrescentaram.
O Papa Francisco, representado no grupo de liderança do HCHF por seu secretário pessoal, Yoannis Lahzi , e pelo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, Miguel Ángel Ayuso Guixot , enfatizou a importância da iniciativa de oração unida: Lembre-se: todos os crentes juntos, crentes de todas as tradições diferentes ", disse ele.

POSTAGEM NO TWITTER
Papa Francisco
@Pontifex_es
Quisiera recordaros que el 14 de mayo los creyentes de todas las religiones están invitados a unirse espiritualmente en una jornada de oración, ayuno y obras de caridad, para implorar a Dios que ayude a la humanidad a superar el coronavirus. #HumanFraternity #OremosJuntos
33,8 mil
10:00 - 11 may. 2020
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Francisco anunciou que se juntaria à iniciativa de oração ecumênica porque "a oração é um valor universal" e , portanto, apoiou que "os crentes de todas as religiões se unam espiritualmente em 14 de maio para um dia de oração, jejum e obras". da caridade, implorar a Deus que ajude a humanidade a superar a pandemia de coronavírus ".
Nesta quinta-feira, o líder do Estado do Vaticano e da Igreja Católica Romana publicou uma oração no Twitter, pedindo a Deus para "acabar com essa tragédia, essa pandemia, bem como as pandemias da fome, guerra e crianças sem educação". . "Pedimos isso como irmãos e irmãs, todos juntos", disse ele.

POSTAGEM NO TWITTER
Papa Francisco
@Pontifex_es
Que Dios tenga piedad de nosotros y detenga esta tragedia, esta pandemia y también las demás: la del hambre, la de la guerra, la de los niños sin educación. Pedimos esto como hermanos, todos juntos. #HumanFraternity #OremosJuntos
57,4 mil
8:32 - 14 may. 2020
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16,2 mil personas están hablando de esto

O que é o Comitê Superior da Fraternidade Humana?
O Comitê Superior da Fraternidade Humana é composto por cinco líderes muçulmanos influentes, duas altas autoridades do Vaticano, um rabino judeu dos Estados Unidos e a ex-diretora da Unesco, Irina Bokova.
A plataforma iniciou suas atividades públicas em 2019 e trabalha para "envolver uma comunidade maior de pessoas de fé para iniciar uma nova e ousada jornada em direção a um futuro mais pacífico para todos". Segundo seu site oficial , o comitê "está atualmente nos estágios iniciais de sua formação, preparando as bases para suas atividades futuras".
No entanto, um dos principais projetos da entidade é a construção na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, do que foi chamado de Casa da Família Abraâmica . É, de acordo com a mesma plataforma, "um farol de entendimento mútuo, coexistência harmoniosa e paz entre pessoas de fé e boa vontade". "Consiste em uma mesquita, igreja, sinagoga e centro educacional", eles explicam.


The Higher Committee of Human Fraternity
[O Comitê Superior da Fraternidade Humana]

O Comitê Superior da Fraternidade Humana compreende um conjunto diversificado de líderes religiosos internacionais, estudiosos da educação e líderes culturais que foram inspirados pelo Documento sobre Fraternidade Humana e se dedicam a compartilhar sua mensagem de entendimento e paz mútuos.
Eles foram incumbidos de agir de acordo com as aspirações descritas no Documento sobre Fraternidade Humana e se reunirão com líderes religiosos, chefes de organizações internacionais e outros em todo o mundo para apoiar e difundir os valores de respeito mútuo e coexistência pacífica. Além disso, o comitê prestará consultoria em diversas iniciativas, incluindo a Casa da Família Abraâmica a ser construída em Abu Dhabi.
À medida que as atividades internacionais do Comitê Superior da Fraternidade Humana progridem, seus membros serão expandidos para incluir líderes de outras religiões, denominações e crenças. O Comitê Superior aspira a enfrentar desafios complexos enfrentados por comunidades de todas as religiões, com uma abordagem de abertura, aprendizado e diálogo. O comitê está atualmente nos estágios iniciais de sua formação, estabelecendo as bases para suas atividades futuras.

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TRADUÇÃO: GOOGLE TRADUTOR

sábado, 18 de abril de 2020

O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO ~ REV. MARTYN LLOYD-JONES



O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO 

VÍDEO 1
O Selo do Espírito: O que é e quando acontece
Augustus Nicodemus 
. https://www.youtube.com/watch?v=Wz0Vn1LSjlE

VÍDEO 2
O Batismo com o Espírito Santo (Parte 1/2)
Augustus Nicodemus  
. https://www.youtube.com/watch?v=zpSEo1X96Es 

VÍDEO 3
O Batismo com o Espírito Santo (Parte 2/2)
Augustus Nicodemus 
. https://www.youtube.com/watch?v=3hof0wBaHpg 

TEXTO
Martyn Lloyd-Jones, John Stott e 1 Co 12.13:
O Debate Sobre o Batismo com o Espírito Santo
* Augustus Nicodemus Lopes
Fontes:   
. http://bit.ly/2Sczo1C OU . http://bit.ly/34EdNBx

O debate na Igreja brasileira sobre o batismo com o Espírito Santo tem sido às vezes conduzido em torno das figuras do (já falecido) Dr. Martyn Lloyd-Jones e do Dr. John Stott.1 Mais particularmente, o debate tem girado em torno das suas interpretações da conhecida passagem de Paulo em 1 Coríntios 12.13, Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.2 A passagem é crucial para o debate, já que é a única, fora dos Evangelhos e de Atos, que traz juntas palavras como "todos", "Espírito", "batizar", "corpo", e "beber". Alguns defensores do batismo com o Espírito Santo como uma experiência distinta da conversão, referem-se ao Dr. Lloyd-Jones como exemplo de um teólogo reformado e puritano que defende essa posição. Os do campo contrário, referem-se ao Dr. Stott como um teólogo de renome mundial que sustenta ser o batismo com o Espírito Santo idêntico à conversão.

Duas observações iniciais sobre esta realidade. Primeira, o debate sobre o batismo com o Espírito Santo tem encontrado muito mais participantes ilustres do que apenas Lloyd-Jones e Stott. Existem muitos livros e artigos defendendo uma e outra posição, escritos por teólogos conhecidos e de diferentes persuasões teológicas. O fato de que, no Brasil, esta polêmica desenvolve-se em torno dos nomes de Lloyd-Jones e de Stott deve-se ao simples fato de que ambos tiveram suas obras traduzidas para o português, e outros não. E a segunda observação decorre deste último ponto: a doutrina do batismo com o Espírito Santo não é a principal ênfase dos ministérios de Lloyd-Jones e Stott.3 Ambos falaram e escreveram sobre muitos outros assuntos. Mas o fato é que, no Brasil, por falta de autores nacionais que escrevam claramente sobre o assunto, e que tomem uma posição definida, e também por causa das poucas traduções em português de livros sobre o tema, o debate desenvolveu-se mesmo em torno desses dois nomes.

Também é importante lembrar que esses dois importantes líderes não se envolveram pessoalmente em disputa pública sobre esse ponto específico. São alguns de entre os seus seguidores e admiradores que têm usado seus escritos para debater as diferenças que a discussão moderna sobre o assunto tem levantado. Lloyd-Jones e Stott, na verdade, estiveram envolvidos em outro tipo de polêmica, mais especificamente com relação a eclesiologia, e a unidade dos evangélicos.4

Partindo então da inevitável realidade de que teremos de lidar com Lloyd-Jones e Stott ao nos referirmos à questão do batismo com o Espírito Santo em um artigo destinado a pastores e líderes brasileiros, tentaremos aqui dar uma colaboração ao debate através de uma apresentação e análise da posição de ambos, particularmente à luz da maneira como interpretam 1 Co 12.13.

Lloyd-Jones e 1 Co 12.13
Vamos começar com Martyn Lloyd-Jones, por uma questão de cronologia. Sua opinião sobre o batismo com o Espírito Santo, e sua interpretação de 1 Co 12.13, podem ser encontradas em três de suas obras principais. Primeiro, em God’s Ultimate Purpose, o primeiro volume de sua famosa série de sermões na carta aos Efésios, pregados nos anos 1954-1955, durante seu ministério na Capela de Westminster, Londres.5 Ele expõe Efésios 1.13 em seis capítulos, quando então aborda o tema do batismo com o Espírito Santo.6 Segundo, no volume da sua série em Romanos, entitulado The Sons of God, onde ele expõe Romanos 8.5-17.7 Esse volume contém os sermões pregados em Romanos durante os anos 1960-1961, dos quais oito tratam de Rm 8.16, uma passagem que, segundo Lloyd-Jones, refere-se ao batismo com o Espírito Santo.8 Por fim, em seu livro Joy Unspeakable, publicado em 1984, que é a transcrição de vinte e quatro sermões pregados em 1964 na Capela de Westminster, Inglaterra, numa série em João 1.26-33.9 Nesta obra, Lloyd-Jones trata de forma detalhada da sua posição sobre o batismo com o Espírito Santo, e de 1 Co 12.13.10 Procuraremos resumir, partindo destas fontes, a sua interpretação da passagem.11

O contexto do ensino de Lloyd-Jones
Devemos estar conscientes do contexto em que Lloyd-Jones aborda esse assunto. Ele estava reagindo a duas tendências de sua época, as quais considerava perniciosas para a vida da Igreja. Em primeiro lugar, contra o nascente movimento de "línguas", em Londres, cujos proponentes reivindicavam terem sido "batizados com o Espírito", e colocavam a ênfase maior no dom de línguas. Lloyd-Jones freqüentemente adverte contra os perigos do fanatismo, misticismo, e abusos nesta área,12 fato que às vezes tem sido esquecido por alguns que usam seus escritos para promover conceitos e práticas carismáticos.

Lloyd-Jones enfrentava ao mesmo tempo um tipo de ensino aparentemente ortodoxo que ele considerava ainda mais pernicioso à vida da Igreja do que os excessos dos carismáticos. Basta que leiamos os capítulos 21—25 do seu livro God’s Ultimate Purpose para verificarmos que, na maioria das vezes, ele está reagindo, não aos excessos do movimento carismático nascente, mas ao tipo de ensino que dizia que os crentes já tinham recebido tudo por ocasião da sua conversão, e que não mais precisavam buscar a plenitude do Espírito ou um nível maior de vida espiritual.13 Era esse Cristianismo antiemocional e intelectualista que prevalecia nas Igrejas evangélicas da Inglaterra. Para muitos pastores e estudiosos daquela época, todos os crentes já haviam recebido tudo do Espírito na sua conversão, e o que restava era irem se apropriando destes benefícios gradativamente, na vida cristã.14 Para eles, quase todos os aspectos da obra redentora e santificadora do Espírito Santo ocorriam num âmbito não "experienciável",15 e atividades do Espírito como o "selo" (Ef 1.13) e o "testemunho ao nosso espírito" (Rm 8.16) eram encarados como se processando em um nível intelectual, ou acima da nossa capacidade de sentir ou experimentar. Outros ensinavam que todas estas coisas eram para ser tomadas "pela fé", independentemente dos sentimentos ou das emoções.

Para Lloyd-Jones, esse tipo de ensino era responsável em grande parte pelo fato de a maioria dos cristãos na Europa desconhecerem um Cristianismo vigoroso, "experienciável", e de praticarem uma religião fria, sem emoções, e destituída de vigor e vida. Como pastor de formação puritana, Lloyd-Jones reagiu fortemente a esse tipo de ensino que acabava por negar o caráter "experienciável" da fé em Cristo, e o lugar das emoções na experiência cristã. Mas, o seu maior conflito com esses teólogos era que tal ensinamento, na sua opinião, não deixava lugar para reavivamentos espirituais, para novos derramamentos do Espírito sobre a Igreja.

Por esse motivo, ele abordou o assunto do batismo com o Espírito Santo muito mais em reação à frieza espiritual da sua época, do que em reação ao movimento carismático, que estava apenas em seus inícios naqueles dias.

O selo do Espírito e o batismo com o Espírito
Ao expor Ef 1.13, fostes selados com o Santo Espírito da promessa, Lloyd-Jones segue a interpretação de alguns teólogos Puritanos (Thomas Goodwin, John Owen, Charles Simeon, Richard Sibbes), e do famoso Charles Hodge de Princeton, que defendiam que esse "selo" não é a mesma coisa que a conversão, e pode ocorrer depois.16 A principal ênfase de Lloyd-Jones em sua exposição da passagem é que esse "selo" é algo que pode ser experimentado, sentido e identificado pelos crentes, e que não se trata de algo que já ocorreu automaticamente com todos eles na sua conversão. Como demonstração, ele menciona experiências de personagens famosos na História da Igreja, como John Flavel, Jonathan Edwards, D. L. Moody, Christmas Evans, George Whitefield e John Wesley.17

Trata-se de uma experiência, diz Lloyd-Jones, e não de um processo. Assim, é algo que deve ser buscado por cada um.18 Também não devemos confundir o "selo" com a plenitude do Espírito, e nem com a santificação;19 o "selo" também não é algo a ser "apropriado pela fé", como ensinam alguns pregadores e escritores:20 ele funciona como uma autenticação de Deus de que de fato pertencemos a ele, algo semelhante ao ocorrido com o Senhor Jesus quando foi batizado (comparar Jo 1.32-34 com 5.27).21

Lloyd-Jones identifica esse "selar" do Espírito com o "batismo" do Espírito, experimentado pelos apóstolos no dia de Pentecostes, e ainda pelos samaritanos, Cornélio e sua casa, e os discípulos de João Batista em Éfeso.22

O testemunho do Espírito e o batismo com o Espírito
Em sua exposição de Romanos 8.16, Lloyd-Jones afirma que o testemunho do Espírito ao nosso próprio espírito é mais do que o resultado de um processo racional, pelo qual o crente chega à certeza da salvação. Segundo ele, trata-se de uma certeza dada de forma imediata (sem o uso de meios) pelo Espírito, diretamente à nossa consciência. Portanto, é algo da mesma ordem que o "selo" ou batismo com o Espírito.23 É algo distinto da conversão, que ocorre após a mesma, às vezes em um intervalo de tempo extremamente breve.24

1 Coríntios 12.13
Lloyd-Jones está consciente de que alguns apelarão para 1 Co 12.13 para contradizer seu ponto de vista. Para ele, a passagem ensina de fato que o Espírito Santo batiza o crente, colocando-o no corpo de Cristo que é a Igreja, e que isto ocorre na conversão, e que, portanto, todos os cristãos já foram objeto desta atividade do Espírito. Porém, ele argumenta, esse "batismo" de 1 Co 12.13 não é o mesmo "batismo" ou "selo" do Espírito mencionado nos Evangelhos e em Atos. O que ocorre é que a palavra "batismo" é empregada no Novo Testamento com vários sentidos diferentes.25 Para ele, o batismo pelo Espírito em 1 Co 12.13 significa o ato pelo qual o Espírito nos incorpora à Igreja, e que portanto é idêntico à conversão, ao passo que, nos Evangelhos, e principalmente em Atos, o batismo com o Espírito refere-se a uma experiência pós-conversão, confirmatória e autenticadora em sua essência.26

Lloyd-Jones argumenta que uma das diferenças decisivas entre 1 Co 12.13 e as passagens em Atos sobre o batismo com o Espírito Santo, é quanto ao agente do batismo, ou seja, a pessoa que batiza. Ele acredita que na expressão e)n e(ni/ pneu/mati h(mei=j pa/ntej ei)j e(\n sw=ma e)bapti/sqhmen a preposição e)n tem força instrumental, e que deve, portanto, ser traduzida "por um só Espírito", e não "em um só Espírito". Ele argumenta que "por" é a tradução da maioria das versões em Inglês, e que a preposição e)n ocorre em várias outras ocasiões no Novo Testamento com a mesma força instrumental (ele cita Mt 7.6; 26.52; Lc 1.51; Rm 5.9). Ele cita ainda várias outras autoridades na área de exegese que mantém esta opinião.27 Ele conclui que, em 1 Co 12.13, é o Espírito quem nos batiza no corpo de Cristo. Nas demais passagens, o agente é o Senhor Jesus, o que é algo muito diferente. A confusão existe pelo fato de que a mesma palavra "batismo" é usada.28 Em 1 Co 12.13 ela se refere à conversão, mas nas demais passagens, a uma experiência posterior à conversão, e portanto, distinta da mesma.

Era Lloyd-Jones um Carismático?
Em resumo, para Lloyd-Jones, o batismo com o Espírito Santo é uma experiência na qual o Espírito concede ao crente plena certeza de fé, e que deve ser identificada com o selo e o testemunho do Espírito mencionados por Paulo. Esta experiência resulta em poder e ousadia, que por sua vez, capacitam o crente a testemunhar eficazmente de Cristo.

É extremamente importante notar que o pensamento de Lloyd-Jones sobre o selo ou batismo do Espírito, é essencialmente diferente da posição pentecostal clássica, e da posição neopentecostal. Lloyd-Jones não vê nenhuma evidência bíblica de que esta experiência deva ser acompanhada pelo falar em línguas e pelo profetizar, ou por qualquer outra manifestação extraordinária. Na verdade, ele chama a atenção para o fato de que muitos dos dons que foram concedidos no início da Igreja Cristã não haviam sido mais concedidos no desenrolar desta mesma história. Ele aponta para o fato de que nenhum dos grandes nomes da História da Igreja, conhecidos como tendo passado por experiências profundas com o Espírito (que ele considera como tendo sido esse "selar" ou "batizar" do Espírito) terem manifestado dons como línguas, profecia, ou milagres. Para Lloyd-Jones, o ponto essencial desta experiência também não é a capacitação de poder, como enfatizado em círculos pentecostais e carismáticos, mas a certeza dada de forma direta, pelo Espírito, de que somos filhos de Deus.29

Como já mecionamos, ao mesmo tempo em que estava reagindo contra o Cristianismo frio e árido de sua época, Lloyd-Jones também estava em combate contra várias ênfases do nascente movimento carismático. Talvez o único ponto em que ele estivesse em acordo com eles é que o "selo" (batismo) do Espírito é algo distinto da conversão, e que ocorre após a mesma.30 As diferenças quanto ao propósito e às evidências deste evento são por demais distintas das convicções pentecostais-carismáticas, para que venhamos a classificar Lloyd-Jones como um carismático.

Stott e 1 Coríntios 12.13
Passemos agora para a opinião de John Stott. Conhecido pregador e escritor, Stott é ministro da Igreja Anglicana da Inglaterra. Em 1964 ele fez uma série de estudos numa conferência para líderes evangélicos sobre a obra do Espírito Santo, os dons espirituais, e especialmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Estas palestras foram uma reação de Stott ao crescente Pentecostalismo dentro da sua própria paróquia.31 As palestras vieram ao grande público em 1966, num livrete intitulado The Baptism and Fullness of the Holy Spirit,32 após os sermões de Lloyd-Jones sobre o assunto já terem sido impressos. Dez anos após Stott publicou uma segunda edição, entitulada Baptism & Fullness: The Work of the Holy Spirit Today,33 onde ampliou algumas partes que precisavam de mais clareza e fundamentação, sem, entretanto, alterar seus pontos de vista.34 Esta obra foi traduzida e publicada em Português em 1986, como Batismo e Plenitude do Espírito Santo.35 Nela, Stott trata dos principais aspectos da obra do Espírito relacionados com a polêmica moderna, tais como a promessa do Espírito, o batismo do Espírito, a plenitude, o fruto e os dons do Espírito. Procuraremos nos concentrar na sua interpretação de 1 Co 12.13.

Uma experiência iniciatória
Stott argumenta que a expressão "batismo com o Espírito Santo", que ocorre sete vezes no Novo Testamento, é equivalente à expressão "o dom do Espírito Santo" que ocorre em At 2.38, e refere-se à experiência iniciatória da qual participam todos os que se tornam cristãos.36 O próprio conceito de "batismo com água" é iniciatório, como sendo o ritual público de introdução na Igreja, e está intimamente associado ao batismo com o Espírito Santo, como sugere At 10.47, 11.16 e 19.2-3.37 Ele argumenta que a linguagem empregada por Paulo para descrever a experiência cristã com o Espírito, como "estar no Espírito", "ter o Espírito", "viver pelo Espírito", e "ser guiado pelo Espírito", é aplicada nas cartas do apóstolo a todos os cristãos, indistintamente, até mesmo para os recém convertidos, a partir do momento em que se tornam cristãos. O Novo Testamento, continua Stott, presume que Deus tem dado o Espírito a todos os cristãos, cf. Rm 8.9; Gl 5.25; Rm 8.14.38

Das sete vezes em que a expressão "ser batizado com o Espírito Santo" ocorre no Novo Testamento, somente uma vez é fora dos Evangelhos e de Atos (ou seja, em 1Co 12.13). Stott lembra que, nos Evangelhos, a expressão aparece quatro vezes nos lábios de João Batista, ao descrever o ministério do Senhor Jesus, "ele vos batizará com o Espírito Santo" (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33). Em Atos, uma vez é aplicada pelo Senhor a Pentecostes (At 1.5), e outra é aplicada por Pedro à conversão de Cornélio, citando as palavras do Senhor Jesus (At 11.16).

A sétima vez é em 1 Co 12.13, Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito. Stott contesta que, aqui, Paulo esteja se referindo ao Dia de Pentecoste, já que nem ele, nem os coríntios, participaram daquele evento histórico. Paulo está se referindo à participação nas bênçãos que Pentecoste tornou possível aos cristãos. Ele e os coríntios tinham recebido o Espírito Santo; aliás, para usar a terminologia de Paulo, tinham sido "batizados" com o Espírito Santo, e tinham "bebido" deste mesmo Espírito.

Stott aponta para o fato de Paulo estar enfatizando a unidade no Espírito no contexto da passagem, em contraste deliberado à variedade dos dons espirituais, assunto que o apóstolo havia discutido na primeira parte de 1 Co 12. Esse ponto é evidente pela repetição da palavra "todos" (todos...foram batizados, todos...beberam) e da expressão "um só" (um só Espírito... em um só corpo... de um só Espírito). O que Paulo está fazendo aqui, afirma Stott, é sublinhar aquela experiência com o Espírito Santo que todos os cristãos têm em comum. Esta é a diferença entre "o dom do Espírito" (quer dizer, o próprio Espírito Santo), e "os dons do Espírito" (isto é, os dons espirituais que ele distribui). Neste capítulo Paulo emprega várias vezes uma terminologia onde a unidade dos cristãos é destacada, cf. 12.4,8,9,11,13. O clímax é 12.13, onde o apóstolo afirma que em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo. A expressão de Paulo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres, bem pode ser uma alusão a "toda a carne" mencionada na profecia de Joel. Stott conclui que o batismo com o Espírito Santo não é uma segunda experiência, nem uma experiência subseqüente desfrutada somente por alguns cristãos, mas a experiência inicial desfrutada por todos.39 Ou seja, o batismo com o Espírito é o mesmo que conversão.

No seu recente comentário em Atos, Stott procura deixar claro que não nega que haja experiências mais profundas e mais ricas após a conversão. Porém, ele rejeita a idéia de que tais coisas possam ser chamadas de "batismo com o Espírito", uma terminologia que ele reserva apenas para a conversão, a obra inicial do Espírito no crente.40 É importante notar que, para ele, as passagens nos Evangelhos e em Atos devem ser interpretadas à luz da passagem de Corintios, e portanto, devem se referir à conversão, quando o crente recebe tudo o que lhe é dado receber do Espírito. É sintomático que no seu livro Baptism & Fullness não exista nem uma palavra sobre reavivamento espiritual. Stott aparentemente não nega a possibilidade da ocorrência de um reavivamento em nossos dias, mas certamente não é um dos seus proponentes mais entusiastas.

Batismo "pelo", "com", ou "no" Espírito?
Em seguida, Stott passa a responder às objeções que geralmente são levantadas contra sua interpretação de 1 Co 12.13. Inicialmente, ele aborda o argumento de que as outras seis passagens, que se referem ao "batismo com o Espírito Santo", tratam do batismo feito por Jesus em, ou com, o Espírito Santo, enquanto que 1 Co 12.13 trata do batismo realizado pelo Espírito no corpo de Cristo, algo completamente diferente. Os defensores desta posição, esclarece Stott, concordam que o Espírito Santo batizou a todos os crentes no corpo de Cristo, mas isto não prova, para eles, que Cristo batizou a todos com o Espírito Santo. Stott afirma que esse tipo de argumentação é um exemplo de se tentar defender o indefensável, e passa, então, a refutá-la como se segue.41

Em todas as sete ocorrências da frase, a idéia de batismo é expressa pelas mesmas palavras gregas bapti/zw, e)n, pneu=ma, e portanto, a priori, deve ser entendida como se referindo à mesma experiência de batismo. Esta é uma regra sadia de interpretação, diz Stott, e cabe aos que pensam o contrário apresentar provas de que ela não se aplica aqui. A interpretação natural é que Paulo estaria em 1 Co 12.13 ecoando as palavras de João Batista, como Jesus e Pedro haviam feito antes dele (At 1.15; 11.16). É estranho tomar Jesus como o batizador nas seis primeiras passagens, e então, na sétima, tomar o Espírito como sendo o batizador, já que as expressões são idênticas. A preposição grega em 12.13 é e)n, como nos demais versículos, onde é traduzida como "com". Por quê, pergunta Stott, deveria ser traduzida diferentemente?42

Os quatro elementos de todo batismo
Ele então defende esse ponto com o argumento de que em qualquer tipo de batismo existem quatro partes: (1) o sujeito, que é o batizador, (2) o objeto, que é a pessoa sendo batizada, (3) o elemento em, ou no qual a pessoa é batizada, e (4) o propósito com o qual o batismo é realizado. Como exemplo, ele cita o "batismo" dos israelitas no Mar Vermelho (cf. 1 Co 10.1-2). Deus foi o batizador, os israelitas foram os batizandos, o elemento em que foram batizados foi água, ou vapor que caia das nuvens, e o propósito é indicado pela expressão "batizados em Moisés", isto é, para um relacionamento com Moisés como o líder apontado por Deus. O batismo de João, igualmente, tem quatro partes: João (o sujeito) batizou as multidões que vinham de Jerusalém e regiões circunvizinhas (os batizandos) nas (e)n) águas do Rio Jordão (elemento) para (ei)j) arrependimento e, portanto, remissão de pecados, cf. Mt 3.5,11. O batismo cristão é similar, continua Stott. O pastor (sujeito) batiza o candidato (objeto) na, ou com, água (elemento), e o batismo é ei)j, "para" o nome da Trindade, ou mais especificamente, para o nome de Cristo (Mt 28.19; At 8.16). O batismo do Espírito não é exceção a esta regra, conclui Stott. Se colocarmos as sete referências juntas, verificaremos que Jesus Cristo é o batizador (sujeito), todos os crentes (1 Co 12.13) são os batizandos (objeto), o Espírito Santo é o "elemento" com o qual (e)n ) somos batizados, e o propósito (ei)j) é a incorporação do crente no corpo de Cristo.43

Stott reconhece que alguém poderia objetar que estas quatro partes não aparecem claramente em todos as sete passagens mencionadas. Por exemplo, o sujeito (o batizador) não aparece em 1 Co 12.13. Para Stott, isto não é problema: Jesus Cristo é o batizador implícito da passagem, assim como também em At 1.5 e 11.16. Ele não é mencionado porque nestas passagens o verbo "batizar" está na voz passiva, e a ênfase recai sobre as pessoas sendo batizadas, enquanto que o sujeito da ação recua para os bastidores.

Ele ainda argumenta que, se o Espírito é quem batiza em 1 Co 12.13, então, onde está o elemento com o qual ele batiza? Stott considera a falta de resposta a esta pergunta como sendo conclusiva de que sua interpretação é a correta, já que a metáfora do batismo requer um elemento. De outra forma, "batismo não é batismo".44 Ele conclui que 1 Co 12.13 refere-se a Cristo batizando com o Espírito Santo, e nos fazendo beber do Espírito, e que "todos nós" temos participado desta bênção (cf. Jo 7.37-39). Esta conclusão é reforçada pelo tempo dos dois verbos, "batizar" e "beber", ambos no aoristo, e que se referem, não a Pentecoste, mas à bênção pessoal recebida pelos cristãos em sua conversão.45

Em que Lloyd-Jones e Stott concordam
Não há diferença entre eles quanto aos batizandos (aqueles sendo batizados) de 1 Co 12.13, e nem de fato deveria haver. Com a expressão todos nós Paulo se refere aos crentes em geral, e não somente a si mesmo e aos coríntios. Paulo está descrevendo na passagem uma experiência que une todos os cristãos, independente de raça, sexo, ou status social, e que isto o apóstolo faz porque seu objetivo, na segunda parte de 1 Co 12, é enfatizar a unidade dos cristãos, em contraste com a diversidade dos seus dons. Colocado dentro desta perspectiva, fica pouca dúvida de que 12.13 esteja se referindo a uma experiência na qual todos os cristãos participam.

Da mesma forma, o propósito deste batismo é claramente indicado pela preposição ei)j.46 Ou seja, "colocar" o crente no corpo, que é a Igreja. Ambos concordam que esse é o alvo do batismo na passagem, e portanto, também concordam que o batismo mencionado é o mesmo que a conversão.

Em que Lloyd-Jones e Stott diferem
A tradução de e)n

Em primeiro lugar, analisemos a tradução da preposição e)n e a sua relação com o batizador, ou o agente do batismo. Não é fácil decidir sobre quem está certo, se Lloyd-Jones com a tradução "por", ou se Stott, com a tradução "com" ou "em". Todas são gramaticalmente possíveis. A decisão, finalmente, não será uma questão de gramática ou sintaxe, mas de teologia, das pressuposições teológicas que cada exegeta traz consigo ao analisar a passagem.

A favor da tradução "por um só Espírito" (Lloyd-Jones) está o fato de que esta é a tradução adotada pela maioria das traduções nas línguas modernas.47 Contra, está o fato de que esta tradução faz com que a passagem seja a única no Novo Testamento a fazer do Espírito Santo o agente do batismo, e não o elemento com o qual o crente é batizado. Mas, para Lloyd-Jones, isto não é dificuldade, pois o batismo "pelo" Espírito é de fato distinto do batismo "com" ou "no" Espírito. E esta é a pressuposição com a qual ele se aproxima de 1 Co 12.13, ou seja, que o batismo com o Espírito mencionado nos Evangelhos e no livro de Atos é uma experiência distinta da conversão.

A favor de Stott está o fato de que, nas demais ocorrências da expressão, a preposição pode ser traduzida por "com" ou "no" Espírito. Ao analisar 1 Co 12.13 à luz das seis outras ocorrências da expressão "ser batizado com o Espírito Santo", Stott utiliza-se de um princípio sadio e sólido de exegese bíblica: uma passagem da Escritura deve ser interpretada à luz de outras passagens que tratem do mesmo tema. Contra sua interpretação está o fato de que, em última análise, sua posição exige que a conversão dos apóstolos, dos samaritanos e dos discípulos de João Batista, narradas em Atos, tenha ocorrido na mesma ocasião em que foram batizados com o Espírito. Esta posição é insustentável, do nosso ponto de vista, já que, pelo menos no caso dos apóstolos, é evidente que eles já eram regenerados quando foram batizados com o Espírito Santo. Porém, se considerarmos as experiências de Atos como exceções, o caso muda de figura. É isto que Stott eventualmente faz.48

A relação entre 1 Co 12.13 e as experiências
no livro de Atos
Em segundo lugar, ambos divergem com respeito à relação entre 1 Co 12.13 e as demais passagens paralelas nos Evangelhos e Atos. Como vimos, Lloyd-Jones sustenta que se tratam de experiências diferentes: em 1 Coríntios "batismo pelo Espírito" se refere à conversão, enquanto que, em Atos, "batismo com o Espírito" se refere a uma experiência de confirmação e autenticação. Por outro lado, Stott afirma que em 1 Coríntios e em Atos, a expressão designa a mesma coisa, ou seja, conversão.

Não podemos entrar de forma profunda aqui neste artigo na questão do batismo com o Espírito Santo nos Evangelhos e no livro de Atos, mas podemos no mínimo afirmar que, em alguns dos casos narrados em Atos, o batismo com o Espírito ocorreu com pessoas que já eram crentes, como os discípulos em Pentecostes (At 2.1-4; cf. Jo 13.10; 15.3; Lc 10.20), e provavelmente os samaritanos (At 8.14-18; cf. 8.12). Somente em uma ocasião o batismo com o Espírito ocorreu claramente ao mesmo tempo que a conversão, que foi durante a pregação de Pedro na casa de Cornélio.

Os estudiosos têm tirado conclusões diferentes destes fatos. Lloyd-Jones, como vimos, conclui que tais fatos estabelecem a norma e a terminologia para todas as épocas da Igreja. Contudo, parece-nos que as experiências narradas em Atos são melhor entendidas à luz do contexto histórico em que ocorreram, à luz daquele período especial de transição, em que o Evangelho estava se universalizando, passando dos judeus para os gentios, um processo onde era necessário que manifestações extraordinárias acompanhassem os diferentes estágios desta transição, como uma forma de autenticação das mesmas. Esta é a convicção de Stott. Entendemos que MacArthur expressa bem esse ponto de vista, ao escrever o seguinte sobre a experiência dos samaritanos:

Aqueles crentes em particular tiveram de esperar pelo Espírito Santo, mas não lhes foi dito que deviam buscá-lo. O propósito daquela exceção era demonstrar aos apóstolos, e fazer ouvir entre os crentes judeus em geral, que o mesmo Espírito que havia batizado e enchido os crentes judeus, agora havia feito o mesmo com os crentes samaritanos, exatamente como, em pouco tempo, Pedro e outros judeus crentes, haveriam de ser enviados como testemunhas à casa de Cornélio, do fato de que "o Espírito havia também sido derramado sobre os gentios" (At 10.44-45).49
Não entendemos que as experiências narradas em Atos, onde houve um intervalo entre conversão e batismo com o Espírito, sejam a norma para as demais etapas da Igreja de Cristo, após o período de transição ter-se completado, e nem que a terminologia "batismo com o Espírito" deva ser usada para experiências posteriores à conversão. Se tivéssemos de tomar algum evento como normativo, tomaríamos a experiência dos três mil no dia de Pentecostes, que num mesmo evento se converteram, receberam o Espírito, e foram batizados com aquele mesmo Espírito (cf. At 2.38).

Parece-me, concluindo, que a dificuldade com a posição de Lloyd-Jones é essencialmente uma questão de terminologia. Creio que ele está correto em sua tese fundamental. Ou seja, que a plenitude das bênçãos espirituais que recebemos em nossa conversão não esvaziam, necessariamente, a possibilidade de termos experiências espirituais profundas após a mesma, que envolvam o crente como um todo, que atinjam as suas emoções e transformem a sua vida, que o conduzam a níveis ainda mais elevados de vida cristã. A História Eclesiástica demonstra eloqüentemente a possibilidade destas experiências.

Porém, não estou convencido de que possamos usar a terminologia do "batismo com o Espírito Santo" para designá-las. Esta terminologia, na minha opinião, foi utilizada para expressar no início da Igreja os eventos únicos relacionados com as etapas da universalização do Reino, relatos esses expostos no livro de Atos. À parte do que está narrado no livro de Atos, as Escrituras não aparentam reconhecer qualquer intervalo entre a conversão e o batismo com o Espírito Santo. Assim, a expressão é corretamente empregada hoje para designar a experiência universal de todos os crentes, ao receberem a Cristo pela fé em seus corações. Ao mesmo tempo, é de se lamentar profundamente que, ao reagir contra os abusos e exageros de muitos que professam ter recebido um "batismo com o Espírito", vários estudiosos conservadores tenham adotado uma posição onde há pouco, ou nenhum, lugar para novos derramamentos do Espírito, para reavivamentos e experiências espirituais profundas e ricas com Deus.

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* O autor é pastor presbiteriano, coordenador do Departamento de Novo Testamento do Centro de Pós-Graduação Andrew A. Jumper, em São Paulo. Tem mestrado em Novo Testamento pela Potschefstroom University for Christian Higher Education, na África do Sul, e doutorado em Hermenêutica e Estudos Bíblicos pelo Westminster Theological Seminary, Filadélfia, USA, com cursos especiais na Universidade Teológica da Igreja Reformada da Holanda..

1 Por exemplo, em 1994 um Presbitério da Igreja Presbiteriana do Brasil encaminhou uma consulta ao Supremo Concílio, onde perguntava: "O batismo com o Espírito Santo é um revestimento de poder para o serviço (como defende o teólogo D. Martyn Lloyd-Jones), ou é algo que todo cristão recebe uma única vez no momento de sua conversão (como defende o teólogo John Stott)?"

2 As citações bíblicas são da versão Almeida Revista e Atualizada, salvo onde indicado diferentemente.

3 Lloyd-Jones só tratou deste assunto ao se deparar, no decorrer de suas mensagens em série sobre um livro da Bíblia, com uma passagem diretamente relacionada com o tema, como por exemplo, Ef 1.13 e Rm 8.16.

4 As diferenças entre ambos chegaram a um ponto crítico em 1966, durante o culto de abertura da Evangelical Alliance, em Londres. Lloyd-Jones era o conferencista principal, e Stott era o chairman do evento. A diferença se deu após a mensagem de abertura de Lloyd-Jones, quando Stott publicamente repudiou a sua sugestão de se formar uma nova união de evangélicos. Veja os detalhes em Iain Murray, David Martyn Lloyd-Jones: The Fight of Faith 1939-1981 (Edinburgo: Banner of Truth, 1990) 522-7.

5 D. Martyn Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose: An Exposition of Ephesians 1.1 to 23 (Grand Rapids: Baker Book House, 1978; reimpressão, 1979).

6 Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose, 243-300.

7 D. Martyn Lloyd-Jones, Romans: An Exposition of Chapter 8.5-17: The Sons of God (Grand Rapids: Zondervan, 1974; oitava reimpressão, 1982).

8 Lloyd-Jones, The Sons of God, 285-399.

9 D. Martyn Lloyd-Jones, Joy Unspeakable: Power & Renewal in the Holy Spirit ( Illinois: Harold Shaw Publishers, 1984) 13.

10 Os demais sermões da série foram publicados no livro Prove All Things (Londres: Kingsway, 1985), onde Lloyd-Jones apresenta os critérios bíblicos através dos quais podemos avaliar as manifestações espirituais quanto à sua autenticidade. No Brasil, Joy Unspeakable tem recebido muito mais ênfase, enquanto que Prove All Things, que é o seu complemento indispensável, é praticamente desconhecido.

11 Para uma exposição e análise do ensino de Lloyd-Jones sobre o batismo com o Espírito Santo, ver Michael A. Eaton, Baptism with the Spirit: The Teaching of Dr. Martyn Lloyd-Jones (London: Intervarsity Press, 1989). Também, Murray, Lloyd-Jones, 483-92.

12 Ver, por exemplo, Prove All Things, 47-49; 57-59; 85, 95-97; etc. Também, ver Joy Unspeakable, 18.

13 Murray, Lloyd-Jones, 486.

14 Estas idéias haviam sido defendidas particularmente por Stott em seu livro Baptism and Fullness of the Spirit (ver adiante nota 50). Lloyd-Jones havia lido e anotado esta obra, antes de pregar a séries de mensagens que deram origem ao livro Joy Unspeakable.

15 Emprego esse neologismo "experienciável" na tentativa de melhor expressar o sentido da palavra inglesa "experimental".

16 Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose, 248-49, 283.

17 Ibid., 275-8. Veja também, Lloyd-Jones, The Sons of God, 315-323

18 Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose, 248-50, 267-8.

19 Ibid., 261-3.

20 Ibid., 294-5.

21 Ibid., 246-7; ver ainda p. 265.

22 Ibid., 249, 264, 274.

23 Lloyd-Jones, The Sons of God, 296-300.

24 Ibid., 310.

25 Cf. Lc 12.50.

26 Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose, 267-68. Ver ainda The Sons of God, 314; Joy Unspeakable, 173-9.

27 Lloyd-Jones, Joy Unspeakable, 174-6.

28 Lloyd-Jones, The Sons of God, 314-5; Joy Unspeakable, 177

29 Lloyd-Jones, God’s Ultimate Purpose, 280-2.

30 Mas, mesmo assim, Lloyd-Jones deixa claro que o intervalo de tempo entre as duas coisas pode ser extremamente curto, cf. Ibid., 253-4.

31 Estes eventos se encontram narrados em Murray, Lloyd-Jones, 485. Embora essa biografia seja sobre Lloyd-Jones, Murray narra em detalhes fatos relacionados com as principais figuras evangélicas da Inglaterra envolvidas com o seu ministério.

32 John R. W. Stott, The Baptism and Fullness of the Holy Spirit (Illinois: Intervarsity Press, 1964).

33 John R. W. Stott, Baptism & Fullness: The Work of the Holy Spirit Today (Illinois: Intervarsity Press, 1975).

34 Ver Stott, Baptism & Fullness, 9.

35 John R. W. Stott, Batismo e Plenitude do Espírito Santo, trad. Hans U. Fuchs (São Paulo: Vida Nova, 1966; 2ª edição, 1986). As referências serão feitas à obra original em Inglês, em sua 2ª edição.

36 Stott, Baptism & Fullness, 36-38.

37 Ibid., 37.

38 Ibid., 38.

39 Ibid., 38-40.

40 John Stott, A Mensagem de Atos, em A Bíblia Fala Hoje, eds. J. A. Motyer e J. R. W. Stott (São Paulo: ABU, 1994) 172.

41 Stott, Baptism & Fullness, 40.

42 Ibid.

43 Ibid., 40-42.

44 Ibid., 42-43.

45 Ibid., 43.

46 É interessante observar, porém, que a preposição ei)j ligada ao verbo bapti/zw nem sempre indica o propósito do batismo. Em Mc. 1.9 indica o elemento do batismo, ou seja, o rio Jordão. Às vezes, indica referência ou relação, como por exemplo, onde o nome ou a pessoa de Jesus é mencionada, cf. Mt. 28.19; At 8.16; 19.5; Rm. 6.3. E mesmo pode indicar o tipo de batismo, ver At 19.3 ou a causa do batismo, Mt. 3.11. Em1 Co 12.13 indica o alvo do batismo, que é incorporar o crente no corpo de Cristo.

47 Entre as traduções modernas em Inglês que adotam "por" estão: KJV, NKJV, AV, RSV, NEB, NIV, NAS, TEV, GNB, NCV, Phillips, Mofatt, etc. Em Português, quase que a maioria das traduções prefere "em". Os comentários estão divididos. Alguns preferem "por" (Calvino, Clark, Hodge, Kistemaker, Chafin, MacArthur, Bengel, Alford); outros, "em" ou "com" (Morris, Findlay, Lenski, Goud, Grosheide, Robertson & Plummer).

48 Cf. Stott, Atos, 172.

49 John MacArthur, 1 Corinthians, em The MacArthur New Testament Commentary (Chicago: Moody Press, 1984) 313.

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Os Filhos de Deus
Exposição sobre Capítulo 8:5-17
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[volume 1]
O Supremo Propósito de Deus
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. os capítulos 21 à 25 (sobre Ef 1:13)
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SERMÃO
APAGANDO O ESPÍRITO
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quinta-feira, 16 de abril de 2020

ESCATOLOGIA PÓS-MILENISTA PURITANA [HISTORICISTA] ~ REV. DAVID SILVERSIDES


ESCATOLOGIA PÓS-MILENISTA PURITANA [HISTORICISTA]

Autor: Rev. David Silversides
Tradutor: Joelson Galvão Pinheiro
Fonte: Postmillennialism and Revelation 20



INTRODUÇÃO 

(O que se segue é a substância de um discurso proferido pelo rev. David Silversides numa conferência da Igreja Reformada de Templepatrick, na Irlanda do Norte, que foi realizada em 1997. A forma de discurso foi mantida). 
O tema desta conferência é “Apocalipse 20 e o Milênio” [NT 1]. Abordar esta parte das Sagradas Escrituras sem um senso de inadequação, seria um sinal de algo errado em qualquer homem. Não obstante, nós sabemos que esta parte das Escrituras, como todas as outras, é inspirada por Deus e, portanto, é proveitosa, se abordada com reverência e com humildade de espírito.   
Posso dizer, dentro de uma introdução geral, concernente ao livro de Apocalipse, que não tenho nenhuma real dificuldade em aceitar a divisão que William Hendriksen – amilenista – faz do livro, dividindo-o em sete visões, formando aquilo que ele chamada de paralelismo progressivo, que são sete visões que cobrem uma mesma área [NT 2]. O futuro do povo de Deus nos últimos dias, e aqui uso o termo “últimos dias” no sentido Bíblico, ou seja, a era do Novo Testamento como um todo - a frase “os últimos dias” na Escritura não se refere simplesmente ao  tempo imediatamente antes do retorno de Cristo; isto se aplica a toda era do Novo Testamento, entre a primeira e a segunda vinda do Senhor Jesus. Hebreus 1:1 diz: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”.  A frase “nestes últimos dias”, aqui e em outros lugares, é usada para a era do Novo Testamento como um todo - e nós não temos nenhuma dificuldade em aceitar a ideia de que o livro de Apocalipse contém basicamente sete visões ou seções, lidando com aspectos do futuro do povo de Deus nos últimos dias. Mas, como o próprio William Hendriksen observa, ainda que as visões sejam um tanto paralelas, há progressão – não apenas dando diferentes aspectos das mesmas coisas, mas, há uma ênfase crescente, quando passamos pelas sete visões, naquilo que acontecerá no próprio fim. O tema do último julgamento, por exemplo, se torna mais dominante quando você passa pelas sete seções do livro. E então, quando chegamos na última seção, capítulos 20-22, encontramos depois da seção sobre o milênio, que a segunda parte deste capítulo (20) lida com o juízo final; e vemos os capítulos 21 e 22 lidando com o estado eterno. Portanto, esta seção dos mil anos é seguida pelo julgamento e pelo estado eterno. E não há, então, uma objeção intrínseca em relação a primeira metade deste capítulo referindo-se particularmente àquela parte dos últimos dias ou aqueles eventos dos últimos dias, os quais estão em direção ao próprio fim da era do Novo Testamento. Assim, tendo um padrão completo do livro, não há razão para rejeitar a ideia de que esta parte do capítulo 20 (versos de 1 a 8) se refere particularmente àquilo que está mais próximo do fim.  Agora, vamos rapidamente para o cerne da questão.

1. Por que o Pré-milenismo deve ser rejeitado. 
Por Pré-milenismo nos referimos à visão de que Cristo virá pré ou antes do milênio; que Ele virá antes de um período particular de tempo chamado de milênio, os mil anos. Apenas fazendo um resumo desta visão: nesta visão, a igreja está, no presente momento, entrando num tempo de dificuldades cada vez mais crescentes; Cristo poderia retornar em glória a qualquer momento, e quando Ele o fizer, os santos serão ressuscitados e os santos que estão vivos serão transfigurados para se encontrarem com Ele; o anticristo e os seus seguidores serão mortos, Israel se arrependerá e será restaurado à sua terra, e Cristo reinará em Jerusalém, segundo alguns, por mil anos, durante os quais uma multidão de gentios será convertida e depois, no final dos mil anos,  o resto dos mortos ressuscitarão, seguido pelo juízo final e pelo estado eterno. Temos, então, a característica básica e distintiva deste ponto de vista, de que Cristo virá e reinará visivelmente na terra por mil anos antes do julgamento final. 
Existem objeções fatais a esta visão: 
Primeiro, esta passagem (Ap.20) é a única que dá alguma base possível para um reinado terreno de Cristo, contudo, na verdade, ela nem sequer faz isso. Se a base desta visão não é encontrada aqui, ela não será encontrada em nenhum outro lugar. Esta passagem não fala, de maneira alguma, sobre Cristo vir para a terra ou reinar visivelmente nela. 
Segundo, a Escritura ensina que o retorno de Cristo é um evento único no fim e é acompanhado pela ressurreição geral e o julgamento final: 
2 Tessalonicences 1:7-10: “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).” 
Aqui vemos que o julgamento dos ímpios e a glorificação dos santos são apresentados, neste trecho, como um único evento ao mesmo tempo, quando o Senhor Jesus retornar em glória.  
João 5:28-29: “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” 
Ele diz que a hora vem, o que aponta para um evento único, e a ressurreição dos justos e dos ímpios acontece ao mesmo tempo. 
Atos 2:34-35: “Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.” 
Cristo reinará à mão direita do Pai até que seus inimigos sejam subjugados no último dia.  
Atos 3:19-21: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, e envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.
O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.”  
Cristo deve reinar à mão direita do Pai, os céus O receberam até que a Sua vinda traga uma conclusão, neste ponto, ao cumprimento de todas as coisas escritas pelos profetas.  
1 Coríntios 15:23-25: “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.
Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.
Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.” É evidente, se você examinar o contexto, que o reinado aqui é o reinado à mão direita do Pai que continuará até o fim quando Ele entregar o reino a Deus, o próprio Pai. O Senhor Jesus ressuscita Seu povo no último dia: 
João 6:39: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.”     
O último dia, o qual além dele, não há mais dias, apenas eternidade. 
E a terceira objeção a esta visão: envolve o conceito bizarro de Cristo glorificado com santos glorificados no meio do mundo caído e numa Terra ainda não renovada. O mesmo Cristo glorificado que fez com que João, ainda não glorificado, caísse a Seus pés como morto (Apocalipse 1:17). Para Cristo voltar antes do fim e habitar num mundo onde o pecado ainda existe impune e não julgado, envolveria uma medida de humilhação para o Senhor Jesus Cristo, e isto é impensável! A humilhação de Cristo acabou, e Ele está exaltado à mão direita de Deus. Não haverá humilhação novamente para o Redentor, e quando Ele vier será para julgar o mundo em justiça, e para colocar fim a toda contradição à Sua Soberania e Majestade eternamente. Então, é por esta razão, que o Pré-milenismo deve ser rejeitado.  

2. Por que o Amilenismo deve ser rejeitado. 
Por 'Amilenismo', queremos dizer que não há um milênio, isto é, não que este milênio não tenha significado – estes mil anos – mas, de acordo com esta passagem, não há um milênio literal ou figurativo. Isso quer dizer que não há um tempo determinado por Deus quando Ele irá derramar amplamente a Sua bênção de uma maneira sem precedentes exceto a era do Novo Testamento como um todo. Isso quer dizer que, nesta visão, esta passagem não ensina que há um tempo particular dentro dos últimos dias, quando o Espírito de Deus será derramado numa abundância sem precedentes.  
Então, a visão amilenista desta passagem, geralmente funciona assim:  
Primeiro, nesta visão, a prisão de satanás refere-se à obra da redenção de Cristo na cruz.  
Segundo, os mil anos referem-se à completa era do Novo Testamento, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. 
Terceiro, aqueles que reinam com Cristo, são os santos glorificados; as almas dos santos glorificados entre a morte e o último dia (a ressurreição do corpo).  
Quarto, a primeira ressurreição é a glorificação das almas dos crentes que segue à morte do corpo.  
Quinto, aquilo que podemos chamar de segunda ressurreição, é a ressurreição do corpo.  
Estes são, aproximadamente, os cinco pontos sobre os quais a visão amilenista desta passagem, permanece. Há variações, e eu reconheço isso. Queremos demonstrar que todos estes cinco pontos estão errados e em contradição com o texto, que nenhuma parte permanece quando o texto é examinado. 
Primeiro, a prisão de satanás não refere-se à consumação da obra de Cristo na cruz. E a razão para isto é muito simples: a passagem nos diz que ela (a prisão de satanás) é revertida. Verso 3 (Ap 20:3): “E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.” Verso 7: “E, acabando-se os mil anos, satanás será solto da sua prisão.” A prisão de satanás não pode referir-se à obra consumada na cruz do calvário, porque ela (a prisão de satanás) é revertida no fim dos mil anos, e a obra redentora de Cristo nunca será revertida. E, portanto, a prisão de satanás através do triunfo de Cristo em Sua vida, morte e ressurreição é completamente irreversível, e, se este aprisionamento é seguido por uma soltura, então a prisão não pode referir-se a redenção consumada na cruz.   
Nem estes mil anos podem ser marcados como iniciando em Pentecostes. A significância do Pentecostes nunca será revertida neste mundo, e a igreja continuará a ser internacional e haverá uma presença mais abundante do que ordinariamente era experimentada na igreja do Velho Testamento. E seja qual for o fluxo ou refluxo da condição da igreja neste mundo, o evento, o significado e os efeitos do Pentecostes jamais serão erradicados. E, portanto, a prisão e a soltura de satanás devem referir-se à aplicação da redenção. A prisão e a soltura de satanás não estão relacionadas à obra da redenção consumada por Cristo na cruz, mas, a variação do grau de aplicação da redenção entre os homens pelo Espírito de Deus operando no coração dos eleitos de Deus. Refere-se então, não à obra da redenção consumada, mas a sua aplicação pelo Espírito através da pregação do evangelho, ao grau da eficácia da pregação do evangelho.  
Segundo, os mil anos não representam o Novo Testamento como um todo, e não podem. As razões são as seguintes: Primeiro de tudo, nós vimos que não há base para relacionar estes mil anos com o início da era do Novo Testamento. Não há base para isso. A prisão de satanás não é a cruz. Sim, a linguagem da prisão de satanás é usada em outros lugares relacionada à cruz, mas nesta passagem não refere-se a isto e não pode, como já vimos. Mas, em segundo lugar, estes mil anos terminam antes do fim. Verso 3: “E depois importa que ele seja solto por um pouco de tempo.” Verso 7 (Ap 20:7): “E, acabando-se os mil anos, satanás será solto da sua prisão”. Então, estes mil anos, o que quer que eles sejam, não começam na primeira vinda de Cristo, e não terminam no início da segunda vinda. Deste modo, este milênio não começa com o início da era do Novo Testamento nem termina no fim dela; e portanto não pode representar o todo do Novo Testamento. 
Terceiro, o reinar com Cristo não se refere ao estado intermediário celestial dos santos entre a morte e o último dia. E por que isto? Por que este reinado termina antes do fim. Verso 4 (Ap 20:4): “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles [...] e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos.” Verso 7: “E, acabando-se os mil anos, satanás será solto da sua prisão.” Em outras palavras, este reinado não dura até o último dia, e portanto não pode referir-se ao estado intermediário dos crentes no céu – intermediário no sentido de como que as almas glorificadas dos santos estão quando seus corpos ainda estão na sepultura – Não pode ser a isto. Eles terminam antes do fim, enquanto que os crentes - quando eles estão ausentes do corpo estão presentes com o Senhor – suas almas estão presentes com Cristo até seus corpos serem ressuscitados em glória no último dia. Portanto, este reinado com Cristo, não pode referir-se ao estado glorificado das almas dos crentes porque ele não dura até o último dia, quando o corpo ressurreto e o estado eterno são introduzidos.   
Incidentalmente, Calvino, rejeita a visão de que os mil anos representam a celestial bem-aventurança da igreja, isto está nas Institutas volume 3.25.i. Muito menos eles representam a regeneração, porque os efeitos da regeneração na alma são eternos, enquanto que o reinado com Cristo dura até o fim dos mil anos, mas não além.   
Quarto, a primeira ressurreição não é a entrada do crente na glória quando este morre. Isto segue aquilo que já dissemos. A primeira ressurreição mencionada no verso 5 (Ap 20:5), se você colocar a parte anterior do verso 5 em parênteses - “Esta é a primeira ressurreição” - refere-se ao verso 4. Esta ressurreição leva a algo que termina com a entrada do “pouco de tempo” de satanás, e, portanto, não pode se referir à entrada do crente na glória quando este morre. Isto automaticamente segue aquilo que já dissemos.  
Quinto, a segunda ressurreição não é a ressurreição do corpo. Verso 5: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram”. Há três razões por que isto não pode se referir à ressurreição do corpo. Primeiro, isto se aplica somente aos outros e não a todos. Não é uma descrição de uma ressurreição geral. Segundo, isto tem algo análogo à primeira, há algo sobre esta segunda ressurreição na primeira - “Eles não reviveram, até que os mil anos se acabaram.” - enquanto que na primeira ressurreição os santos vivem com Cristo, então estes não viveram até o fim dela. Há algo correspondente entre as duas, e a primeira não é uma ressurreição física, nem a segunda. E, em terceiro lugar, ela não acontece no último dia. Esta ressurreição não acontece no último dia. O texto diz: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram.” Mas isto não nos leva ao último dia. Ainda há o “pouco de tempo” de satanás. Então, isto não pode se referir a ressurreição corporal, que acontecerá no último dia.   
Portanto, levando tudo isto em conta, a falha da visão amilenista em reconhecer que os mil anos não incluem o “pouco de tempo” de satanás, o qual o texto faz com que seja abundantemente claro, é fatal para todos os cinco princípios fundamentais desta visão, e toda a interpretação entra em colapso. E, por isso, ela deve ser rejeitada. Homens bons e piedosos têm sustentado esta visão, mas ela não se sustentará no texto.  

3. Por que o Pós-milenismo do Rushdoony deve ser rejeitado.  
Esta visão não é apenas do Rushdoony. Sem dúvida, outros da escola reconstrucionista e alguns do período anterior a mantiveram. Eu chamei de Pós-milenismo do Rushdoony porque sei que esta é a visão dele.  
A estrutura básica da posição do Rushdoony é a mesma da amilenista, exceto que o reinar com Cristo parece ser aplicado ao completo triunfo do evangelho. Em outras palavras, na visão de Rushdoony, sim, o todo dos mil anos é a era do Novo Testamento, mas o reinar com Cristo é aplicado ao completo progresso e triunfo do evangelho através do período do Novo Testamento como um todo. Nesta visão, os mil anos e o pouco de tempo de satanás, não são reais períodos de tempo. Eles são períodos figurativos de tempo, representando em termos de tempo, o relativo triunfo do evangelho por meio da era do Novo Testamento e a debilidade e futilidade da resistência de satanás. Em outras palavras, na visão de Rushdoony, períodos de tempo – um mais longo do que o outro – são meros símbolos da força relativa das coisas. O progresso do evangelho é, por um lado, representado por um período prolongado, e a resistência de satanás, pelo outro, por um pouco de tempo, porque o evangelho vai prevalecer e a resistência de satanás será provada como fútil. Portanto, para Rushdoony, há apenas um padrão para o completo avanço - desde a primeira vinda de Cristo até a Sua segunda vinda - do evangelho do Senhor Jesus Cristo, enquanto a Palavra de Deus é pregada, indivíduos, famílias e nações se tornam submissos a Cristo de uma forma sempre ascendente.  
Porém, esta visão precisa ser rejeitada. Deve ser rejeitada porque, embora os números em Apocalipse sejam simbólicos, simbólicos períodos de tempo são períodos reais de tempo. Deixe-me dizer isto mais uma vez: Simbólicos períodos de tempo representam reais períodos de tempo. A quantidade de tempo é simbólica, mas ainda refere-se a tempo. Simbólicos períodos de tempo representam reais períodos de tempo. No capítulo 11 verso 2 (Ap 11:2) temos os 42 meses; no verso 3, 1260 dias; no verso 11, os três dias e meio. Nós temos estes períodos como referindo-se a era do Novo Testamento (três anos e meio, metade de sete – a ideia da metade de toda a história); a história sendo dividida não necessariamente em termos de duração de tempo, mas dividida em termos de um evento na história que é de importância comparável com a criação e o juízo final, e a obra redentora de Jesus Cristo. Portanto, nós pegamos esses períodos simbólicos de tempo para referirem-se a aspectos que seriam encontrados na era do Novo Testamento. Mas, seja como for, o ponto é que períodos reais de tempo, ainda representam períodos reais de tempo. E é por isto que a forma de Pós-milenismo do Rushdoony deve ser rejeitada.  

4. Por que o Pós-milenismo puritano ortodoxo é a verdade. 
Por Pós-milenismo, queremos dizer: a vinda de Cristo após, ou depois, de um milênio – depois de um período de grande bênção e grande avanço da verdade. E nós sustentamos que o Pós-milenismo puritano é a verdade da Escritura. Vamos examiná-lo. 
Primeiro de tudo, a prisão de satanás deve referir-se ao progresso do evangelho. Nós vimos que ela é reversível – o progresso do evangelho está divinamente ordenado a um fluxo e refluxo. Há tempos quando o evangelho avança poderosamente, e há tempos de declínio e apostasia, quando a igreja é diminuída na Terra. E esta prisão e soltura de satanás deve se referir ao progresso do evangelho. Não pode referir-se a qualquer outra coisa. 
Segundo, os mil anos estão relacionados a um grande período de avanço do evangelho. Nós vimos que estes mil anos não representa o todo da era do Novo Testamento. É um período comparativamente longo que precede um período curto – “o pouco de tempo” de satanás – que precede o último dia. Se olharmos de trás para frente, temos o último dia (juízo final), temos o “o pouco de tempo” de satanás, e temos estes mil anos - este simbólico período de tempo quando é dito que satanás será preso. Se o pouco de tempo de satanás, quando ele é solto, resulta em oposição à igreja, então o período quanto satanás é preso deve significar um período quando sua habilidade de se opor ao evangelho é restrita. O milênio não deve ser tido como literal. Indica certamente um fixo, apontado e completo período de tempo (o fato de ser 10 vezes 10 vezes 10, indica que é um prolongado período de tempo) – mas não um milênio literal. Portanto, é um prolongado período de tempo quando a atividade de satanás em se opor ao evangelho é particularmente limitada. E coincide com o reinado dos santos, e evidentemente vem depois de muitos terem sido martirizados pelo testemunho de Jesus. Podemos ver isto no verso 4 (Ap 20:4) (que eles devem ser incluídos no inicio do milênio – aqueles que foram martirizados por causa do testemunho de Jesus). Portanto, não começa com o início da era do Novo Testamento, e é claro, não termina no fim desta era; termina antes do fim da era do Novo Testamento.  
E isto significa, em terceiro lugar, que o reinado com Cristo refere-se ao glorioso avanço da causa pela qual os mártires morreram. Note o seguinte: Primeiro, não nos é dito onde os tronos estão: “Vi tronos; e assentaram-se sobre eles”. Sem dúvida que isto que é deliberado – não nos é dito. Segundo: Julgamento foi dado a eles. Nós lemos no verso 4 que o “julgamento foi dado a eles” [NT 3]. O que isso quer dizer? “Julgamento foi dado a eles”. Julgamento indica a vindicação da causa justa de alguém. Em Isaías 40:27: “Por que dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o meu juízo [ou julgamento] passa despercebido ao meu Deus?” Portanto, o juízo dado a eles significa a vindicação da causa justa deles, que lhes é dada uma compensação pela injustiça que lhes foi feita; o Senhor os vinga, bem como a sua causa justa. Se lermos Daniel 7:21-22: “Eu olhava, e eis que este chifre fazia guerra contra os santos, e prevaleceu contra eles. Até que veio o ancião de dias, e fez justiça aos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. Julgamento foi dado aos santos do Altíssimo. Eles foram oprimidos pelo pequeno chifre, o anticristo. E o julgamento foi dado a eles. A causa justa deles, que tem um corpo, não necessariamente as mesmas pessoas, mas um corpo que sofreu e morreu por esta causa. Agora, o julgamento e o reino são dados aos santos (o anticristo, que nesta passagem é destruído, que procurava prevalecer contra eles). A outra referência às almas dos mártires em Apocalipse, está no capítulo 6, verso 9 (Ap 6:9-10): “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.
E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”. É isto o que está em vista. E isto acontece antes do último dia. É claro que a completa vindicação da verdade de Deus será na segunda vinda de Cristo. Mas esta vindicação da verdade pela qual os mártires sofreram, a causa pela qual sofreram, acontece durante estes mil anos. E, portanto, refere-se à vindicação da causa dos mártires na terra, através do glorioso avanço do evangelho pelo qual eles sofreram e morreram. Então, a igreja no verso 4, é representada como um fluxo contínuo de testemunhas, como em Daniel 7. Estes não são os mesmos santos que o anticristo, o pequeno chifre perseguiu, para quem é dado o julgamento e o reino, mas são seus descendentes e sucessores espirituais. Portanto, aqui a igreja é representada como um fluxo contínuo de testemunhas, alguns sofrendo horrendamente pela causa do evangelho, mas àqueles que vêm depois, o julgamento é dado a eles e a causa dos mártires é vindicada, pelo avanço do evangelho sem precedentes.  
E isto nos leva ao quarto lugar: a primeira ressurreição é o glorioso avivamento da igreja na terra. Quando lemos no verso 4 (Ap 20:4): “e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos”.  É um período começando após o início da era do Novo Testamento, e é um período terminando antes do fim da era do Novo Testamento, portanto, não é uma ressurreição física. É algo que pode ser revertido porque os mil anos chegam ao fim e o que se segue é o pouco de tempo de satanás. E, portanto, deve referir-se ao avivamento da igreja numa escala sem precedentes. E, uma vez que captamos isto, vemos que é a ressurreição da causa pela qual os mártires sofreram. Nós entendemos, em quinto lugar, o que é a segunda ressurreição.  
A segunda ressurreição é o ressurgimento da impiedade que traz o pouco de tempo de satanás. Então, no verso 5 (Ap 20:5): “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram”.  Então, a ressurreição dos santos é a ressurreição da causa de Cristo na Terra, e a ressurreição do resto é o ressurgimento da impiedade no fim do glorioso período da igreja, por um pouco de tempo, antes do retorno de Cristo. E assim, a segunda ressurreição que é confinada ao resto, no verso 5, é para aqueles que não são os santos. A causa deles reaviva brevemente antes do fim. 
Agora nós temos o quadro. E o quadro é que em direção ao fim do período do Novo Testamento haverá um prolongado período de um glorioso avanço do evangelho pela ressurreição (ou o reavivar dos santos), e a causa dos mártires sendo erguida e os santos reinando com Cristo. E, depois deste glorioso período de avanço sem precedentes, haverá a ressurreição da impiedade num período breve chamado de o “Pouco de tempo de satanás”, que acontecerá antes de Cristo voltar em julgamento. Entende a ideia básica? Em direção ao fim da era do Novo Testamento, um período prolongado de vasta expansão do evangelho, um período curto de oposição ao evangelho revivido, e depois, a volta de Cristo. 

5. Algumas evidências confirmatórias.  
E aqui, nós temos primeiro o paralelo com Ezequiel 37-48. Você deve ler este texto no seu tempo livre. No capítulo 37, a visão de Israel sendo reavivado, o vale de ossos secos sendo trazidos à vida. Segundo, você tem a destruição de Gogue e Magogue. E terceiro, você tem a visão do formoso templo. Em Apocalipse 20-22, temos o milênio, primeiro Gogue e Magogue, segundo a Santa Cidade e terceiro, o templo glorificado. Isto significa que se as duas passagens são paralelas, e elas obviamente são, o milênio – os mil anos - correspondem à visão do vale de ossos secos sendo trazidos à vida. E a visão do vale de ossos secos sendo trazidos à vida, era uma visão de Israel, a igreja do Velho Testamento, sendo reavivada, e, portanto, os mil anos e o viver dos santos reinando com Cristo têm a mesma significância. É o maior período de reavivamento da igreja que este mundo verá, e ainda está por vir.  
Segundo, a destruição do anticristo. Daniel, capítulo 7 versos 26-27:  
“Mas o juízo será estabelecido, e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim.
E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.
O puritano John Owen aplica esta passagem aos últimos dias gloriosos da igreja e à destruição do anticristo – o papa de Roma – através do evangelho. É assim que 
John Owen aplica esta passagem. Quando abrimos em 2 Tessalonicenses 2:8, encontramos um grande peso para esta visão. “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2 Ts 2:8). É dito que o homem do pecado – que nós cremos ser o papado – será consumido com o assopro da boca de Cristo (consumido com o Espírito da Sua boca) e pelo esplendor da Sua vinda. A primeira frase, “consumido com o espírito da sua boca” é, evidentemente, uma referência a Isaías 11:4: “Mas julgará com justiça aos pobres, e repreenderá com eqüidade aos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará ao ímpio”. A frase “o sopro dos seus lábios” é, claramente, a frase em vista quando o apóstolo, sob a inspiração do Espírito, fala do Espírito da Sua boca. E isto indica que é pela Palavra de Deus proclamada que o homem do pecado será derrubado. João Calvino, em Isaías 11:4, diz: 
“Quando o profeta diz pelo sopro da sua boca, isto não deve se limitar a pessoa de Cristo. Pois isto se refere a Palavra que é pregada por Seus ministros.”  
O papado será derrubado pela pregação do evangelho. Devemos crer que haverá no futuro, um poderoso avivamento numa escala ainda não vista. A Reforma Protestante foi uma grandiosa obra de Deus, mas o papado sobreviveu. Portanto, haverá um avanço do evangelho que excederá tudo o que já vimos, de tal maneira que o papado será consumido com o sopro da boca de Cristo: a Palavra de Deus proclamada entre as nações.  
Terceiro, o ajuntamento de Israel. Romanos 11:12, falando de Israel – agora digo que eu creio que por todo este capítulo, Israel se refere ao Israel étnico e racial. Creio que não há base alguma para discorrer por este capítulo achando que ele se refere a alguma outra coisa a não ser que a rejeição de Israel não é final. Mas, mesmo nos dias dos apóstolos, como é agora, havia um remanescente de acordo com a eleição da graça entre os israelitas que criam, e isto é para mostrar que este remanescente nem sempre será um remanescente, mas se tornará uma plenitude – no verso 12 diz: “E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”. Verso 15 (Rm 11:15): “Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?”. O que aconteceu depois da rejeição de Israel por Deus e a rejeição do evangelho por parte de Israel (ou a rejeição em massa do evangelho por parte de Israel) senão o Pentecostes e o progresso do evangelho entre os gentios? Foi glorioso! Quando ele diz: “Quando Israel for reunido”, quando o véu lhes é tirado do coração, quando os judeus forem trazidos – não para uma organização separada, mas para a igreja do Senhor Jesus Cristo – quanto mais a sua plenitude trará maior benção: grande avanço do evangelho, mais do que já foi visto desde Pentecostes até este tempo. “Quanto mais a sua plenitude!”.
Esta passagem requer um tratamento específico, mas creio que esta é a única visão sustentável desta passagem. A única interpretação que não requer uma imposição no texto ou que o mesmo seja forçado. Portanto, a conversão dos judeus a Cristo pelo evangelho – não por uma mensagem separada do reino distinta do evangelho (ignore todas estas tolices), mas pelo evangelho, trará maiores benção para os gentios – esta é a doutrina puritana dos últimos dias de glória da igreja. Este é o mistério (segredo) do verso 25: “Porque não quero, irmãos que ignoreis este segredo (mistério)” (Rm 11:25). O mistério não é algo estranho, o mistério de Deus, o segredo de Deus ou os Seus propósitos ocultos, desconhecidos ao homem, a não ser que seja revelado. E esta expressão “mistério” é aplicada, por exemplo, em Efésios 3, na interação que há entre judeus e gentios no desdobramento dos propósitos de Deus quanto à salvação, e é usado aqui da mesma maneira. Irmãos gentios, não fiquem ignorantes acerca deste mistério, ele diz. O que vemos agora não é o que sempre será, quando a plenitude dos gentios for trazida, então Israel será reunido e maiores bênçãos ainda serão trazidas para os gentios. Em Apocalipse 20 há a mesma ideia de Ezequiel 37 – vida dentre os mortos e o reavivar da causa da verdade.  
Finalmente, existem as profecias do Velho Testamento: 
Salmos 22:27: “Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua face”. 
Salmos 67:6-7: “Então a terra dará o seu fruto; e Deus, o nosso Deus, nos abençoará. Deus nos abençoará, e todas as extremidades da terra o temerão”.    
Salmos 72:17-19: “O seu nome permanecerá eternamente; o seu nome se irá propagando de pais a filhos enquanto o sol durar, e os homens serão abençoados nele; todas as nações lhe chamarão bem-aventurado.
Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, que só ele faz maravilhas.
E bendito seja para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da sua glória. Amém e Amém”. 
Veja, “todas as nações lhe chamarão bem-aventurado”. Não apenas um ou dois em cada nação - “todas as nações lhe chamarão bem-aventurado” - a promessa feita a Abraão que em sua semente seriam benditas todas as nações da terra receberá um pleno cumprimento.  
Verso 19: “E bendito seja para sempre o seu nome glorioso; e encha-se toda a terra da sua glória”. 
A oração de Davi ainda não foi respondida, mas a oração de Davi, bem como as orações do povo de Deus nas gerações seguintes, serão respondidas! 
Salmos 86:9: “Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome”. 
Salmos 102:22: “Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor”. 
E quando acontecerá isto? Verso 16: “Quando o Senhor edificar a Sião, aparecerá na sua glória” (Salmos 102:16). 
Os salmos falam constantemente do ajuntamento das nações através do evangelho. Este é o motivo porque as igrejas históricas que cantam os salmos tendem a ter uma visão otimista do avanço do evangelho no mundo. Continuem cantando-os. 
Isaías 60:8-12: “Quem são estes que vêm voando como nuvens, e como pombas às suas janelas?
Certamente as ilhas me aguardarão, e primeiro os navios de Társis, para trazer teus filhos de longe, e com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te glorificou.
E os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti.
E as tuas portas estarão abertas de contínuo, nem de dia nem de noite se fecharão; para que tragam a ti as riquezas dos gentios, e, conduzidos com elas, os seus reis.
Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas”.  
Veja o verso 16: “E mamarás o leite dos gentios, e alimentar-te-ás ao peito dos reis; e saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó” (Isaías 60:16).  
Malaquias 1:11: “Mas desde o nascente do sol até ao poente é grande entre os gentios o meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao meu nome incenso, e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre os gentios, diz o Senhor dos Exércitos”. 
Há, portanto, um testemunho abundante no Velho Testamento que nos leva a crer que o avanço do evangelho não será em termos da conversão de um remanescente representativo, apenas alguns poucos aqui e ali de cada nação. Não será assim. Mas, no final, a igreja avançará poderosamente entre as nações. A parábola do grão de mostarda também indica isto. Começa como um pequeno grão e se torna uma grande árvore que enche toda a terra e os pássaros do céu se aninham nela.  
Mas você pode dizer: “isto significa que Cristo não pode voltar em qualquer dia!”. Absolutamente certo! A Bíblia não ensina que cada geração de crentes deve acreditar que Cristo poderia voltar a qualquer momento. A Bíblia não ensina isso. E os apóstolos não creram nisto em seus dias. 2 Tessalonicenses 2:1-3: 
“Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.
Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”. 
Você entende o que o apóstolo está dizendo? Ele está dizendo para os tessalonicenses que se alguém disser que Cristo pode voltar em qualquer dia, eles estão errados! Do seu ponto de vista, ainda deveria haver o desenvolvimento do homem do pecado, que – como já temos dito – é o papado. Mas a questão é que Paulo não cria que Cristo poderia voltar em qualquer dia – ele não cria nisto. Ele está dizendo a eles que não devem crer nisto, e nós também não devemos – ainda que o homem do pecado, esta profecia em particular, já tenha se cumprido e já tenhamos o papa em Roma por gerações, isto não significa que não há ainda outras profecias da Escritura para se cumprirem, e podemos dizer que o tempo de Sua vinda ainda não é chegado. O apóstolo Pedro não cria, de modo algum, que ele viveria para ver o retorno de Cristo. 2 Pedro 1:14: 
“Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado”. 
O Senhor Jesus revelou a Pedro em João 21:18-19 com que morte ele haveria de glorificar a Deus. Pedro sabia que Cristo não voltaria enquanto ele ainda estivesse vivo – ele iria ser sepultado. Ele esperava morrer. Ele não acreditava que Cristo poderia voltar amanhã ou depois de amanhã. Ele sabia que ele haveria de morrer. E ele ainda fala de aguardar e apressar o dia de Deus (“Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” - 2 Pedro 3:12).  Não há nada sobre olhar para a gloriosa esperança da vinda do Senhor que nos obriga a dizer que Cristo pode voltar a qualquer dia ou que ele poderia vir, talvez, durante a nossa vida. Muitas das parábolas indicam uma demora entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Muitas parábolas foram dadas com este propósito, para mostrar a seus discípulos que a consumação do reino não era no tempo deles, mas quando ele voltasse – e a Sua volta seria em um futuro ainda distante.  

6. Resumindo tudo. 
Três coisas permanecem na Escritura. Primeiro, a vinda de Cristo é um evento único no fim. Segundo, existem promessas de grande avanço do evangelho entre as nações. Terceiro, existem algumas passagens das Escrituras que parecem indicar que a igreja estará em dificuldades pouco antes do fim. Três pontos muito importantes: primeiro, a vinda de Cristo é um evento único no fim; segundo, grande avanço do evangelho entre as nações; terceiro, tempos difíceis para a igreja no fim. O Pré-milenismo cai no número um, porque este não ensina que o retorno de Cristo é um evento único no fim. O Amilenismo cai no número dois – eu sei que os amilenistas não acham isto, mas cai no número dois porque este dilui as promessas dizendo que apenas um mero remanescente representante será convertido em cada nação. O Pré-milenismo sabe que isto está errado, mas ele dá a resposta errada. O Pós-milenismo do Rushdoony cai no número três, porque há algumas passagens que indicam dificuldades perto do fim. E apenas o Pós-milenismo puritano ortodoxo abarca todos os três. Os melhores dias de bênçãos do avanço do evangelho ainda estão por vir e depois um ressurgimento curto e forte da impiedade, antes do retorno de Cristo.  

7. Aplicação. 
Há alguma aplicação? Tudo isto importa? Sim, com certeza. Isto afeta a nossa perspectiva. Os covenanters [NT 4] creram que, embora eles não veriam, a causa pela qual eles estavam sofrendo, um dia, encheria a terra. Portanto, eles almejaram grandes coisas. E esta era a visão (menciono isso para aqueles poucos que são presbiterianos reformados aqui) oficial da Igreja Presbiteriana Reformada, expressa em seus testemunhos até a primeira parte do século vinte. Esta visão – o Pós-milenismo – é presbiterianismo reformado ortodoxo. Menciono isso para aqueles que são presbiterianos reformados. 
Richard Cameron, dois meses antes de sua morte, pregou no texto “E não quereis vir a mim para terdes vida” (João 5:40); e aquele sermão foi tão abençoado por Deus que foi passado de geração em geração e as pessoas falaram sobre ele, ouvindo-o de seus pais e de seus avós, 200 anos depois. E no meio daquele sermão, Cameron parou, chorou e orou pela restauração dos judeus, pela queda do anticristo, pelo dia que em que os Stewarts seriam varridos do trono; a terceira parte de sua oração foi respondida – o resto se seguirá. E três dias antes de sua morte, Cameron pregou em Salmos 46:10 e ele disse o seguinte: 
 “A igreja de Cristo será tão exaltada que seus membros andarão pelos lugares mais altos da terra – que não sejamos tidos por termos a mesma opinião de muitos na Inglaterra, que são chamados de 'os homens da quinta monarquia', que dizem que antes daquele grande dia Cristo virá em pessoa do céu, com todos os santos e mártires, para reinar mil anos na terra. Mas nós somos da opinião de que a igreja será maior e mais gloriosa, como aparece no livro de Apocalipse, e a igreja terá mais poder do que ela já teve antes”. 
James Renwick disse: 
“Tem havido grandes e gloriosos dias do evangelho nesta terra. Mas eles têm sido pequenos em comparação com o que será”. 
James Guthrie, quando estava para ser enforcado, e a corda estava em seu pescoço, ele levantou o capuz que colocaram sobre a sua face e gritou: “Os pactos e as alianças ainda serão revividos na Escócia”. Ele sabia que não veria isto neste mundo, mas ele sabia que a causa pela qual ele estava morrendo floresceria novamente, e florescerá! E ainda que vivamos ou não para vê-lo, o Senhor realizará a Sua obra – aquilo que Ele prometeu, Ele é capaz de cumprir. Vamos almejar grandes coisas em nossas atividades e orações. 
Ouça a resposta Pós-milenista para a pergunta 191 do Catecismo Maior (P 191: “O que pedimos na segunda petição?”): 
“Reconhecendo que nós mesmos e toda a humanidade estamos por natureza sob o domínio do pecado e de satanás, pedimos na segunda petição (que é: venha o Teu reino), que o domínio do pecado e de Satanás seja destruído, que o evangelho seja propagado por todo o mundo, os judeus sejam chamados, que venha a plenitude dos gentios; que a igreja seja provida de todos os oficiais e ordenanças do evangelho, purificada da corrupção, aprovada e mantida pelo magistrado civil; que as ordenanças de Cristo sejam dispensadas com pureza, feitas eficazes para a conversão dos que ainda estão em seus pecados e para a confirmação, consolação e edificação dos já convertidos; que Cristo, aqui, governe os nossos corações e apresse o tempo da Sua Segunda Vinda e o nosso reinado com Ele para sempre; e que Lhe apraza exercer o reinado do Seu poder em todo o mundo, para que esses objetivos sejam alcançados da melhor maneira”.
Você ora por estas coisas? Você deveria! Quando oramos “Venha o Teu Reino”, oramos pela vinda do reino da glória, mas oramos pelo avanço do reino da graça – é isto que devemos ter em nossas mentes. Lamentando a falta de fé nestas coisas, o puritano John Howe disse: 
“Esperamos ver aquilo que estamos acostumados a ver, como homens estamos aptos para medir a fé pelos nossos olhos e em grande parte com referência a estas coisas. Apenas o que pode ser feito é aquilo que eles viram sendo feito. E raramente os homens são trazidos a aumentar a sua fé e expectativa acima disso. 
Por que deveria ser pensado como uma coisa incrível o fato de que deve haver uma ressurreição da religião?”   
Alguém pode dizer: “Oh, os puritanos eram homens do seu tempo”. Isto é baboseira! Somos nós que somos homens e mulheres que são demasiadamente influenciados pelo que vemos ao invés de sermos por aquilo que Deus disse. E nós olhamos em volta e vemos a causa da verdade bíblica e reformada em decadência e pensamos que sempre será assim e nunca será melhor do que isso. Nós vacilamos diante das promessas de Deus, Abraão não fez assim, nem nós deveríamos. Ele irá realizar toda a Sua vontade e cumprir tudo o que está escrito, e nós devemos orar e laborar na corrente daqueles que tiveram o coração ligado a esta causa, que ainda terá o seu dia de ressurreição neste mundo. Os confins do mundo se lembrarão, e eles se tornarão para o Senhor, e o zelo do Senhor dos Exércitos o fará. 
Amém.
  
[NT] NOTAS DO TRADUTOR
[NT 1] Este é o nome original da Conferência onde este discurso foi proferido.  
[NT 2] A interpretação puritana acerca do livro de Apocalipse difere da visão de William Hendriksen. Os puritanos, de um modo geral, criam na interpretação historicista. Tal interpretação consiste em relacionar o conteúdo do livro de Apocalipse com a história da humanidade. Para mais informações sobre o assunto, recomenda-se o seguinte website: http://www.historicism.net/ . 
[NT 3] Na versão do autor “Judgment was given unto them” (KJV). Na explicação do autor, que está logo abaixo, ele compara o texto de Apocalipse 20:4 com Daniel 7:21,22. Em ambos os textos, na Bíblia usada pelo autor, é dito: “Judgment was given unto them” Com isto a interpretação que ele dá ao texto, ganha mais sentido, pois na Bíblia que temos em nossa língua, encontramos expressões diferentes nos textos supracitados. 
[NT 4] Presbiterianos escoceses que aderiram à Liga Solene e Aliança no século 17. Milhares deles – homens, mulheres e crianças – foram perseguidos e mortos por não negarem sua fé e o pacto que haviam feito com Deus.
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The First Rays of Millennial Morning Light
An Overview of Historicism Classical Post Millennialism
A Historic Covenanter view of Eschatology
by Michael Daniels
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SITES HISTORICISTAS
1 - Historicism Research Foundation 
2 - The Works of Rev. Prof. Dr. F.N. Lee 
3 - The Antipas Chronicles 
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LIVROS RECOMENDADOS
1 - A Commentary upon the Book of the Revelation: Lectures on Chapters 1–3 (Durham)  
James Durham
Este primeiro dos três volumes projetados compreende um terço das palestras e metade dos ensaios teológicos.
. https://www.heritagebooks.org/products/a-commentary-upon-the-book-of-the-revelation-lectures-on-chapters-1-3-durham.html
2 - Not to be Ignored: Rev. Wilhelmus à Brakel’s Commentary on Revelation
Wilhelmus à Brakel
. http://www.historicism.net/aBrakel.htm
. https://www.amazon.com/dp/B01CJ2CUNG

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